No Mês da Consciência Negra, a Casa Museu Eva Klabin recebe a segunda edição do “Comunicação Antirracista”. Com o tema "Vozes Femininas Negras e Indígenas em Diálogo pela Transformação", o evento terá uma programação plural e totalmente gratuita durante os dias 20 e 21 de novembro, incluindo uma conferência apresentada por Conceição Evaristo, painéis de debate com convidadas ilustres — como a deputada federal Erika Hilton; a professora, escritora e poeta Eliane Potiguara; e as atrizes Thalma de Freitas e Vilma Melo —, oficinas artísticas e visitas mediadas. Além disso, o espaço também contará com atrações musicais: DJ Marta Supernova e o show de encerramento, com uma edição especial do "Pôr do Sol", com a cantora Majur. As reservas gratuitas de ingressos poderão ser realizadas na plataforma INTI, a partir do dia 13/11.
Criado a partir da urgência de debater sobre o silenciamento histórico de mulheres negras e indígenas, o “Comunicação Antirracista” visa centrar a potência dessas vozes na narrativa, reconhecendo-as como protagonistas. Ao trazer o evento para ser sediado na Casa Museu Eva Klabin, um dos símbolos culturais do Rio de Janeiro, o local se transforma em um palco vivo para a transformação social.
"Este evento, agora em sua segunda edição, nasce do compromisso em criar projetos que dialogam criticamente com o nosso tempo. Cientes dos privilégios e da dívida histórica que carregamos como sociedade, entendemos que nosso papel social é o de usar esta oportunidade como plataforma de escuta e de reparação, onde o protagonismo da fala, nesta edição do evento, é intencionalmente dedicado às mulheres negras e indígenas", explica Davi de Carvalho, idealizador do projeto. “Por isso, o ato político central desta edição é que o palco seja composto apenas por elas. Usamos a 'escrevivência' de Conceição Evaristo como a tecnologia fundamental para restituir presença às memórias silenciadas e ocupar territórios”.
Confira abaixo a programação completa:
PAINÉIS DE DEBATE
A programação será composta por painéis temáticos de 60 minutos cada, com interpretação em Libras. A mediação de todos os painéis será conduzida pela jornalista Daniele Salles.
Painel 1: Ocupação & Narrativas: da Tela à Reparação
Este painel investiga a tela como território em disputa, onde a história da presença negra no audiovisual é indissociável da luta por cidadania. A conversa reúne três mulheres pretas que atuam em eixos vitais da criação: a atriz que inscreve corpo e voz em cena, a roteirista que ergue a palavra e a estrutura, e a artista que expande a narrativa para o palco e a canção. É um debate sobre como a “escrevivência” se faz ato, convertendo os ofícios de atuar, escrever e cantar em ferramentas de
reparação e de construção de futuros.
Painelistas: Clara Anastácia, Vilma Melo e Thalma de Freitas.
Mediação: Daniele Salles.
Painel 2: Tecnologias de Reexistência: A Escrevivência de Conceição Evaristo
Homenageada desta edição, Conceição Evaristo apresenta os fundamentos da Escrevivência — vida escrita que desloca o cânone e restitui presença às memórias silenciadas — com ênfase em primeira pessoa, corporeidade, território, oralidade e memória como tecnologias de narração e reexistência de mulheres negras e povos indígenas. Neste painel, Conceição Evaristo trata da palavra como instrumento de cuidado, denúncia e reparação simbólica e material, articulando raça, gênero, classe e território; e afirma a literatura como prática pública de democracia
Painelista: Conceição Evaristo.
Mediação: Daniele Salles.
Painel 3: Tribunas de Resistência: Justiça e Direitos em Disputa
Como se disputa a justiça em um sistema historicamente construído para nos silenciar? Este painel reúne duas juristas que atuam no coração da institucionalidade brasileira para debater as estratégias e os desafios da luta por direitos. A conversa abordará a violência política que mira candidaturas negras e indígenas e as ferramentas que a Justiça Eleitoral pode oferecer como salvaguarda, explorando a necessidade de uma perspectiva interseccional e decolonial para garantir que a lei sirva, de fato, como um instrumento de proteção e equidade.
Painelistas: Vera Lúcia Santana Araújo e Samara Pataxó.
Mediação: Daniele Salles.
Painel 4: Ocupando o Poder: Legado, Futuro e Ancestralidade no Parlamento
Três trajetórias que conectam parlamento, sociedade civil e literatura como ferramentas de transformação. Érika Hilton traz a experiência legislativa e o enfrentamento à violência política de gênero e raça; Mônica Moura soma a incidência social e a articulação de base; e Eliane Potiguara, pioneira na luta pelos direitos dos povos indígenas, convoca a palavra como ação, memória e futuro.
Juntas, discutem táticas, alianças e cuidados para avançar em um projeto de país antirracista e plurinacional, atuando dentro e fora do Estado.
Painelistas: Eliane Potiguara, Érika Hilton e Mônica Cunha.
Mediação: Daniele Salles.
OFICINAS DE PRÁTICAS ARTÍSTICAS
Como parte fundamental do projeto "Comunicação Antirracista", serão oferecidas duas Oficinas de Práticas Artísticas e duas Visitas Mediadas destinadas ao público infantojuvenil, especificamente 90 estudantes de escolas da Rede Pública. O projeto garantirá todo o suporte logístico necessário, incluindo transporte e alimentação, para assegurar a participação plena dos alunos. A oficina "Tintas e Grafismos: (R)escrevendo o Corpo e o Território” será realizada para os alunos das escolas EDI Cleia Santos de Oliveira e CIEP César Pernetta.
O objetivo geral é utilizar linguagens artísticas como ferramentas potentes de afirmação identitária, autoestima e emancipação política, conectando crianças e pré-adolescentes às histórias de resistência negra e indígena.
VISITAS MEDIADAS
Serão oferecidas visitas guiadas para o público espontâneo participante do evento, articulando arte, memória e reflexão sobre a temática antirracista.
Público: Público geral (jovens e adultos).
SHOW E DJ SET
A música encerra cada noite do evento principal, transformando o debate em um momento de comunhão e celebração. A programação musical contará com duas artistas que representam a vanguarda e a potência da cena contemporânea: DJ Marta Supernova e Majur.
DJ Marta Supernova
A noite de abertura será encerrada pela DJ e pesquisadora musical Marta Supernova. Conhecida por sua energia contagiante e seus sets que atravessam a black music, do soul ao funk, passando pelo R&B e ritmos brasileiros, Marta Supernova é uma das DJs mais requisitadas da cena carioca. Sua performance é uma celebração da pista de dança como um espaço de liberdade, encontro e afirmação da cultura negra.
Pôr do Sol Especial - show de Encerramento com Majur
O encerramento do evento será um show especial e potente com a cantora e compositora Majur. Com sua voz única e uma sonoridade que mescla MPB, afropop e R&B, Majur se consolidou como uma das artistas mais importantes de sua geração. Mulher negra e trans, ela traz em suas letras e em sua presença de palco a força de uma narrativa de amor, identidade e empoderamento que dialoga diretamente com a essência do encontro. O show "Pôr do Sol" foi pensado como um momento para celebrar os caminhos abertos e os futuros que estamos construindo.
QUINTA-FEIRA (20/11) – ABERTURA, ARTE E NARRATIVAS
14h / 17h30 – Visitas mediadas.
17h – Painel 1: Ocupação & Narrativas: da Tela à Reparação
18h30 – Coletivo Caixa Preta
19h – Painel 2: Tecnologias de Reexistência: A Escrevivência de
Conceição Evaristo
20h – DJ Marta Supernova
SEXTA-FEIRA (21/11) – POLÍTICA, JUSTIÇA E ENCERRAMENTO
14h / 17h30 – Visitas mediadas.
15h – Painel 3: Tribunas de Resistência: Justiça e Direitos em
Disputa.
16h30 – Painel 4: Ocupando o Poder: Legado, Futuro e
Ancestralidade no Parlamento.
18h – Pôr do Sol Especial: show de encerramento com Majur.
O evento Comunicação Antirracista 2ª Edição – Vozes Femininas Negras e Indígenas em Diálogo pela Transformação, acontece no Rio de Janeiro, nos dias 20 e 21 de novembro. Esta edição é apresentada pela CAIXA e tem o patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, realização da Terra Livre Produções e apoio institucional da Casa Museu Eva Klabin.
Ingressos gratuitos
Classificação: Livre
Apresentação: CAIXA
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Realização: Terra Livre
Apoio Institucional: Casa Museu Eva Klabin
Apoio: AREA27 e AOQUADRADO
Davi de Carvalho - Idealização do evento Comunicação Antirracista
Gestor e produtor cultural. Idealizou projetos teatrais que reuniram criadores expoentes das artes cênicas, como Vera Holtz, Cibele Forjaz, Cristina Moura e Denise Stutz. Na produção cultural, recebeu prêmios como o Prêmio Petrobras de Montagem Cênica (2011) e o Prêmio Funarte Myriam Muniz (2012). Em 2023 fundou a empresa Terra Livre, uma produtora cultural que nasce do compromisso de cultivar projetos que dialogam criticamente com a contemporaneidade. Em 2025 idealizou e realizou a curadoria da primeira edição do projeto "Comunicação Antirracista", no Museu da República, em Brasília e da segunda edição que acontecerá na Casa Museu Eva Klabin, no Rio de Janeiro.
Camilla Rocha Campos - Diretora Artística da Casa Museu Eva Klabin
Curadora, escritora e consultora de arte contemporânea, Camilla Rocha Campos atuou como Coordenadora de Residência do MAM Rio, do Programa de Formação da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e como Diretora Artística da residência artística internacional CAPACETE. Ela trabalhou como consultora para artes visuais no Museu do Amanhã, IPEAFRO, e em institutos internacionais sem fins lucrativos como a 0101 Art Platform, EhChO, Gasworks e Mondriaan Fonds. Com ampla atuação internacional, realizou curadorias e participações institucionais na Saastamoinen Foundation (Finlândia), Lugar a Dudas (Colômbia), Tabacalera Estancias (Espanha), Q21 Museums Quartier (Áustria), UKS (Noruega), Bamboo Curtain Studio (Taiwan), Arika (Escócia), dentre outros. Atualmente desenvolve sua pesquisa de doutorado na Goldsmiths University of London, no Reino Unido.
Sobre a Casa Museu Eva Klabin:
Uma das primeiras residências da Lagoa Rodrigo de Freitas, a Casa Museu Eva Klabin reúne mais de duas mil obras que cobrem um arco de tempo de cinco mil anos, desde o Antigo Egito (3000 a.c.) ao impressionismo, passando pelas mais diferentes civilizações. A coleção abrange pinturas, esculturas, mobiliário e objetos de arte decorativa e está em exposição permanente e aberta ao público na residência em que a colecionadora viveu por mais de 30 anos. A Casa oferece programação cultural variada, que inclui, além das visitas ao acervo, exposições temporárias de artistas contemporâneos, oficinas, cursos e conferências para adultos e crianças. Enquanto referência no calendário cultural do Rio de Janeiro, a programação musical conta com a série Concertos de Eva, com os Concertinhos de Eva, dedicados ao público infantil, e com os shows de Nova MPB no jardim.