28/10/2025 20:18

“Quem gritava mais era ouvido. Fiquei doente, porque não era eu”, lembra Ana Fontes em novo episódio do No Lucro

Empreendedora defende equidade de gênero e destaca importância de valorizar o trabalho invisível das mulheres

São Paulo, outubro de 2025 – A empreendedora social Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, afirmou que a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda está distante. Em entrevista ao programa No Lucro, da CNN Brasil, ela citou estudos que apontam que a equidade plena só deve ser alcançada daqui a 120 anos, se nada mudar.

“É uma ilusão achar que você sozinha consegue mudar uma cultura. Mudança de cultura é de cima pra baixo”, disse. “Mas é bom ver que as empresas estão evoluindo. Diversidade não é um tema passageiro. Diversidade é sobre economia.”

Ana, que construiu carreira no ambiente corporativo antes de se dedicar ao empreendedorismo social, relatou episódios de discriminação em cargos de liderança. “Durante quatro anos, fui a única mulher na vice-presidência. Eram 60 executivos, 59 homens e eu. Daria pra escrever uns três livros sobre as situações que vivi”, contou.

(Reprodução: CNN Brasil)

Ela também lembrou um feedback recebido de um superior. “Disseram que eu era muito simpática, que criava um ambiente bacana pras pessoas, e que isso incomodava. Eles não queriam um ambiente bacana. Queriam que as pessoas ficassem incomodadas.”
 

A empreendedora também falou sobre os custos pessoais de tentar se encaixar em ambientes profissionais hostis.“Mudei meu tom de voz pra ser ouvida. No meio em que eu estava, quem gritava mais era quem era ouvido. Fui me adaptando, mas isso não é sustentável. Fiquei doente porque não era eu.”
 

Apesar das críticas, Ana adota um tom de esperança ao falar de sua trajetória. “Gosto de me ver como empreendedora social, mãe, mulher que atua pelas outras mulheres, e como alguém que ‘reacerta’. Já fiz tanta coisa na vida que aprendi a me ver como um ser humano em constante evolução.”
 

Ao longo da entrevista, Ana falou sobre o que chama de ‘economia do cuidado’, o trabalho doméstico e emocional, majoritariamente feito por mulheres, que sustenta a sociedade, mas não é reconhecido nem remunerado.“Pra que eu estivesse aqui, alguém cuidou de mim. Isso é invisível e, como não é pago, não é valorizado”, afirmou. “Cuidar da família, dos filhos, dos idosos e dos doentes é ensinado desde cedo às meninas, com as bonecas e as brincadeiras de casinha, enquanto os meninos aprendem com jogos de força e estratégia.”
 

Sobre o impacto dessa desigualdade, Ana é direta: “Quando você tira do jogo a dependência financeira, consegue trabalhar para que a mulher também saia da dependência emocional.”
 

As duas organizações fundadas por ela, a Rede Mulher Empreendedora e o Instituto RME, têm um objetivo comum: “botar dinheiro na mesa das mulheres”, como define. “Queremos que quem escolheu empreender ou trabalhar pra gerar renda tenha apoio e suporte.”
 

Ela conclui com uma provocação: “Eu espero que a gente não precise mais falar sobre Rede Mulher Empreendedora. Quero falar sobre como as mulheres estão transformando o mundo. Não quero falar de liderança feminina. Quero falar de liderança.”
 

Serviço
No Lucro
Quando: todas as terças, às 20h (web) e às 23h30 (TV)
Onde: no YouTube de CNN Pop (youtube.com/@cnnpop) e na CNN Brasil

Com linguagem descontraída e foco em empreendedorismo, o videocast No Lucro recebe convidados que são referência em suas áreas de atuação, compartilhando trajetórias e discutindo como a inovação, os negócios e as transformações sociais podem impulsionar um futuro mais inclusivo e sustentável. O programa é apresentado por Phelipe Siani.

 

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